quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Drama de um Senhor de Gravata

Não vos quero deixar tristes, nostálgicos, depressivos, irritados, chateados, aborrecidos, surpreendidos ou chocados. Não vos quero deixar entretidos ou infelizes, saciados ou infelizes. Não vos quero sequer tocar com o que escrevo. Quero que leiam e saiam sem emoção nenhuma. Que fiquem como estão, carcaças apodrecendo até ao fim.

As minhas palavras...

Quero que as deixem em paz que as esqueçam no mesmo momento em que as lêem. Não quero que sintam nada, tal como eu. Que estejam vazios por dentro. Ocos em emoção humana, longe de qualquer essência que outrora vos preencheu. Quero que voltem para o vosso escritório, para a vossa casa, para o vosso ginásio, para o vosso autocarro e quero que não sintam nada. Que sejam impermeáveis. Que paguem os vossos impostos e enviem cartas de natal para os vossos familiares. Quero que nasçam, procriem e morram.

E no entanto aqui estão vocês. A viver, a ler, a saborear, a amar e a odiar. Quem disse que um burocrata não sonha e chora com a desilusão?

Foto cortesia de Ana d'Oliveira (Karkova) visitem o seu blog em http://fashioninla-go-svegas.blogspot.com/

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